02 janeiro 2006
SAM PECKINPAH II
Depois da Balada de Cable Hogue Peckinpah pega em Dustin Hoffman, na altura uma estrela em ascenção com filmes como The Graduate ou O Cowboy da Meia Noite e leva-o para Inglaterra onde rodam Cães de Palha: Hoffman é David Sumner um professor de matemática americano que após casar com uma inglesa vai viver para uma pequena localidade rural da Inglaterra. Sumner é um autêntico "nerd" e tenta-se habituar à vida numa pequena comunidade mas é gozado pelos locais, um dia é convidado para caçar e a sua mulher é violada. O filme degenera numa espiral de violência quando ao tentar proteger a mulher a sua casa é cercada por uma familia local. Tal como em A Quadrilha Selvagem existe uma forte crítica à sociedade, ambos os filmes pretendem também ser um manifesto contra a guerra do Vietname. Sempre marginal e controverso, Peckinpah não se livrou das críticas e o filme steve proíbido durante 18 anos em todo o Reino Unido. curiosamente no mesmo ano, outro grande realizador estreava em Inglaterraoutro manifesto contra a violência da sociedade, o realizador era Stanley Kubrick, o filme chamava-se A Laranja Mecânica. Em 1972 dirige Steve Mcqueen pela primeira vez em Junior Bonner, um western moderno com os rodeos como pano de fundo. No filme seguinte, juntaria Ali Mcgraw a Steve Mcqueen, apaixonados no ecran também se tornam amantes na vida real, MacGraw separa-se de Robert Evans para casar com Mcqueen. Na tela Mcqueen é Carter McCoy que ao sair da prisão prepara um grande golpe em conjunto com a sua esposa Carol, para compensar o xerife Jack Benion pelo favor de o ajudar a sair da prisão. No entanto são traídos e perseguidos pelas estradas americanas enquanto tentam fugir para o méxico, The Getaway, Tiro de Escape é na minha opinião um dos melhores policiais de sempre. No ano seguinte decide contar a história de Billy The Kid e Pat Garrett, para o elenco são convocados dois músicos bem conhecidos Bob Dylan(Alias), que para o qual também compôs algumas canções, e Kris Kristofferson(Billy The Kid). Do elenco constam também James Coburn(Pat Garrett) e Jason Robards(Gov. Lew Wallace). Pat Garrett Billy The Kid também haveria de correr mal, e o estúdio acabou por cortar grande parte do filme, matando assim a visão do realizador, mais uma vez foi um flop. Peckinpah trata agora do projecto seguinte, Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia, onde junta dois seus companheiros de filmes anteriores, Warren Oates e Kris Kristofferson. Um poderoso rancheiro mexicano após um escândalo familiar lança um apelo: "Tragam-me a cabeça de Alfredo Garcia". Atrás do prémio, muitos aventureiros que vão causar um festim de morte e violência. Esta violência é um pouco acentuada por alguns brilhantes momentos de humor muito negro, é Peckinpah no seu melhor. Estávamos já no ano de 1975 e a acrescentar ao seu já crónico alcoolismo Sam junta-lhe o vício da cocaína, muitos acham que o recento vício lhe desgastou o talento mas ainda assim o thriller de espionagem The Killer Elite, Assassíno de Elite não deve ser assim tão mau, é o único filme de Peckinpah que ainda não vi. Segue-se uma incursão nos filmes de guerra com o antibélico Cross of Iron; James Coburn, Maximilian Schell e James Mason compõem o elenco. Um brilhante mas muito desiludido oficial alemão regressa de uma dura campanha na frente russa durante a Segunda Guerra mundial, ao voltar vê-se sob o comando de um tradicional oficial prússiano que só deseja uma coisa; A Cruz de Ferro, uma alta condecoração do exército alemão. Este oficial irá fazer tudo para conseguir a condecoração, até sacrificar os seus soldados se for preciso. Durante a sua carreira sempre gostou de trabalhar com os actores por quem se afeiçoou, Convoy; O Comboio dos duros não escapa à regra, Kris Kristofferson, Ali Mcgraw no ano do divórcio de Mcqueen, e Ernest Borgnine compõem o elenco de um dos seus filmes mais fracos. Convoy é mais uma demonstração de rebeldia de Peckinpah; Kristofferson é o líder de uma revolta de camionistas que vai lançar o caos nas estradas americanas, um misto de acção, comédia e road movie. A sua vida desregrada, o álcool e a cocaína levaram a um inevitável ataque cardiaco em 1979, apesar de só voltar a estrear em 1983 nunca abandonou o seu ritmo de trabalho. O derradeiro filme está entre os meus preferidos, embora seja muito pouco cotado pelos críticos, O Fim de Semana de Osterman. O filme contava com Rutger Hauer no principal papel, Hauer era na época um ilustre desconhecido, mas que durante os anos 80 atingiria a glória com filmes como Amor e Sangue, A Mulher Falcão, Blade Runner e Terror na Auto-estrada. A segundar Hauer estavam actores como Dennis Hopper, como sempre um magnífico vilão, John Hurt e o magnífico Burt Lancaster. O argumento é muito bom, uma adaptação de um romance de Robert Ludlum conta uma história de crime e espionagem com muitas reviravoltas no enredo e bastante acção. Além das suas actividades como produtor, realizador e argumentista fez também dois videos músicais para o filho de John Lennon, Julian. Estava a preparar uma adaptação de um romance de Stephen King quando, a 28 de Dezembro de 1984, um segundo ataque cardiaco lhe roubou a vida aos 59 anos.
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2 comentários:
Também gostei muito do Fim De Semana de Osterman. Sou um fã do Rutger Hauer, pena ter perdido a influencia que tinha nos anos 80 e nunca mais ter feito um grande filme.
alvarez kelly
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